sábado, 13 de agosto de 2011

Um dia eu fui menina, hoje eu sou mulher.


   A menina costumava sofrer antecipadamente pelo que poderia acontecer, sofria pelo que acontecia, pelo que não havia acontecido, pelo que não havia escutado. A menina chorava todos os dias por não ter o que queria, ou melhor, por não ter quem queria. Ela passava horas e horas do dia se perguntando o motivo de se machucar tanto, de sofrer tanto, de chorar tanto e, ainda assim continuar amando tanto. A menina lembrava de certos momentos e as lágrimas saiam compulsivamente de uma forma involuntária. Ela começava a ouvir certas músicas e logo vinham aquelas sensações nostálgicas, aquelas sensações em que a sua única companhia era a saudade. A menina se sentia insegura por não conseguir ir atrás do que queria, ela apenas deixava a vida seguir, o “tempo” agir. A menina esperava pelo dia em que voltaria a ouvir aquele “eu te amo” todas as noites antes de dormir, ela sonhava com o dia em que voltaria a sentir aquele abraço, aquele beijo e aquele amor inexplicável. Na realidade a história da menina é meio contraditória... ela sabia que ele era insubstituível e que sem ele as coisas não teriam mais sentindo, mas não fazia absolutamente nada pra que aquele sentimento se renovasse a cada dia, ela não sabia lidar com aquilo tudo, simplesmente por ser apenas uma menina. Um dia essa menina se vê sozinha e obrigada a aprender a viver por si mesma, a se colocar em primeiro lugar, a não esperar nada de ninguém, a lutar pelo que queria e a deixar aquele sentimento guardado num lugar inalcançável. Nesse momento ela se descobre mulher.
A mulher passou a seguir caminhos que a menina nunca teria coragem de trilhar, a mulher começou a enxergar o verdadeiro valor da vida e do ser humano. Ela descobriu que uma lágrima pode significar muito mais além de uma simples dor ou saudade, uma lágrima as vezes significa um aprendizado único e incomparável. A mulher deixou de acreditar no “pra sempre” e passou a crer no “Deus não te dá um fardo maior do que você possa carregar”. Ela se viu diante de pessoas egoístas e arrogantes que se sentiam bem em vê-la sofrendo, mas ao mesmo tempo conheceu pessoas que fariam de tudo pra tirar aquela dor que ela sentia, conheceu gente que nunca esquecerá. Percebeu que o “tempo” pode sim agir de forma benéfica em sua vida, mas que tudo isso dependia dela mesma e do que ela queria. A mulher guardou todo o seu sofrimento e passou a cuidar do sofrimento daqueles que precisavam, que ainda não haviam se acostumado com essa dor diferente que podemos chamar de amor. Ela começou a se colocar em segundo plano, não porque havia esquecido de si mesma, mas porque cuidar do próximo a faria se sentir bem, a mostraria o quão pode ser significativo ajudar, principalmente porque ela conhecia a dor como ninguém. A mulher decidiu investir na própia vida, decidiu conhecer quem a faria se sentir bem e decidiu deixar de lado quem só trazia sofrimento à sua vida. E foi assim que a menina se tornou mulher; passou a ver as coisas e o mundo de forma diferente, amadureceu, sofreu, chorou, cresceu, mudou. E mudanças fazem parte da vida. Enfim, a menina virou uma mulher esperta, e mulheres espertas não choram.

Por: Elymara Gonçalves =)